Muito se fala da associação direta entre aumento de peso e maior incidência de Diabetes Tipo 2 (DMT2). É claro que o aumento de peso pode levar a um aumento da resistência dos tecidos à ação da insulina, porém o que mais importa para a maior incidência de Diabetes Tipo 2 (DMT2) é a distribuição da gordura, sendo que o acúmulo abdominal, independente do índice de massa corpórea (IMC, peso em kg divididos pela altura em metros e dos valores normais e classificação da obesidade) do indivíduo leva a maior incidência de diabetes e dos outros componentes da Síndrome Metabólica, aliado à predisposição genética. Diversos fatores muito estudados dissociam a incidência do IMC à incidência e gravidade do Diabetes Tipo 2 (DMT2). Se fosse direta a relação, todos ou a grande maioria de pacientes com obesidade grau 3 (IMC acima de 40 kg/m2) teriam diabetes. Isto em grandes estatísticas não é verdade. Em mais de 6.000 pacientes com obesidade grau 3 operados pela equipe de cirurgia bariátrica e metabólica do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, cerca de 82% dos pacientes NÃO tinha Diabetes Tipo2 (DMT2) ! Além do mais o IMC discrimina sexos (homens tem maior chance de acúmulo abdominal de gordura do que a mulher no mesmo IMC), idade e até mesmo a forma física. É conhecido que o IMC de fisiculturistas pode chegar até acima de 40 kg/m2. Será que eles são candidatos a qualquer tratamento para obesidade? Claro que não! É um IMC elevado as custas de massa magra. E o IMC também não determina se qualquer tratamento para o Diabetes Tipo2 (DMT2) vai funcionar. Existem até teorias provocativas que dizem ser o Diabetes Tipo 2 (DMT2) a causa do ganho ponderal e consequente obesidade e não ao contrário. Não existem evidências científicas que comprovem a relação de causa e efeito entre obesidade e diabetes, mas sim uma associação entre elas.
Outra “dica” que veio das séries publicadas de cirurgia bariátrica em pacientes que tinham o Diabetes Tipo 2 (DMT2) como doença associada, foi que o controle glicêmico era obtido muito antes de perda ponderal importante. Portanto, concluiu-se que existe o que se convencionou chamar de efeitos antidiabéticos diretos das operações, independentes da perda de peso. A perda ponderal é importante para controlar o diabetes em longo prazo, mas parece ser um desejado efeito colateral e não objetivo primário para a melhora dos problemas glicêmicos.
Mais uma prova de que o IMC não é critério fundamental para definir se o Diabetes Tipo 2 (DMT2) vai ser bem tratado ou não é que no Brasil, uma pesquisa de 2012 da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica mostrou que o IMC médio do brasileiro com o Diabetes Tipo 2 (DMT2) é de 29,6 kg/m2, quase obesidade grau 1. Nos Estados Unidos, as médias do IMC do Diabetes Tipo 2 (DMT2) é de 31. Se olharmos para a região da Ásia-Pacifico, o IMC médio do paciente com o Diabetes Tipo 2 (DMT2) é entre 24 e 26 kg/m2. Enfim, por que discutir tudo isso?
A partir de 2002, apareceram estudos em animais não obesos e diabéticos que melhoraram o controle da doença após cirurgias que “desviaram” o trajeto da comida no aparelho digestivo. A partir desses experimentos, nosso grupo realizou um piloto de um protocolo de pesquisa de cirurgia sobre o aparelho digestivo em pacientes com Diabetes Tipo 2 (DMT2) e não portadores de obesidade grau 3 com o objetivo único de tratar o Diabetes Tipo 2 (DMT2). A partir de então, no Brasil e no mundo, vários estudos em animais e seres humanos de mecanismos de ação e resultados de operações sobre o aparelho digestivo para, junto com a medicação, controlar o diabetes foram publicados.
Define-se então cirurgia metabólica como qualquer intervenção do tubo digestivo, que tem como finalidade o controle do diabetes do tipo 2, com ou sem medicação através de mecanismos independentes da perda de peso, e também secundariamente por perda de peso.
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